Ao deparar-me com os desenhos realizados pelo meu filho na escolinha, entre os dois e os três anos de idade (naturalmente com o auxílio indispensável, e artístico, das educadoras), celebrei as palavras de Paul Klee (1879-1940). Este pintor reconhecia nos desenhos das crianças um género de arte primitiva e instrutiva, a não depreciar. A sua obcecação pela cor era e é ainda a das crianças. Cor sem corpo nem assunto, o ultra figurativo, a abstracção natural, não é esse o jogo das cores com que as crianças se recreiam? Essa abstracção bruta, mas que culmina por vezes em formas reconhecíveis, foi por Klee enaltecida. Pois foram precisamente as colorações nestes desenhos de criança que me animaram os sentidos. Resolvi digitalizá-los e compor várias versões de cada um deles, para depois realizar algumas montagens. O efeito, na maior parte, não ficou dissemelhante dos originais, o que não era desejado. Fi-lo, sobretudo, para encher alguns espaços em branco, ou para adicionar tonalidades. Eis o resultado, despretensioso, espontâneo, e não aconselhável a críticos de arte, ou a insensíveis.

Ao meu filho